terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Planalto prepara dossiê sobre era FHC para enfrentar CPI dos Cartões

Às vésperas da instalação da CPI dos Cartões, o Planalto vai distribuir aos líderes aliados um dossiê com informações detalhadas sobre os gastos com suprimentos de fundos nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. No comando da operação de guerra, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) pediu aos 37 ministérios e principais repartições da administração direta que encontrem prestações de contas antigas, personagens, relatórios de fiscalização - com o respectivo “comprovante de saneamento” do erro, quando for constatada irregularidade -, além de estatísticas dos valores desembolsados desde 1998.A idéia é desconstruir o discurso de adversários do PSDB e do DEM de que o governo Lula teria organizado uma cadeia de comando para promover a farra dos cartões corporativos. Com a identificação dos ordenadores de despesas, por exemplo, o Planalto quer mostrar que os responsáveis pela fiscalização dos gastos não integram a lista dos afilhados políticos: muitos são funcionários de carreira e trabalharam em outros governos.No e-mail enviado aos ministérios, com um questionário de 13 perguntas, a Secom pede ajuda para localizar “personagens, documentos, cenários e estatísticas”. Quando solicita a identificação do “gestor”, ressalva: “De preferência, alguém que estava na função antes da instituição do cartão.” O objetivo é rastrear a movimentação de dinheiro no governo FHC, já que o cartão corporativo foi criado somente em 2001. Antes, os gastos eram feitos apenas por intermédio da conta tipo B, com operações em cheque ou dinheiro vivo. A conta tipo B existe até hoje, mas é usada em menor escala.“Vamos fazer uma CPI, colocar tudo sobre a mesa e debater com a oposição”, diz o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. “Os dados quantitativos indicam que nossas despesas são a metade das realizadas até 2002, mas talvez a CPI consiga até contribuir com soluções para melhorar a qualidade do gasto.

ROTEIRO

Com tabelas e gráficos produzidos pela Controladoria-Geral da União (CGU), o primeiro relatório entregue aos líderes mostra que os gastos com cartão e contas tipo B somaram R$ 233,2 milhões em 2002 e R$ 177,5 milhões no ano passado. A meta, agora, é preparar um “roteiro completo” para municiar os aliados não só com números, mas com histórias rotineiras.“A ordem é rebater ponto por ponto e evitar o clima de radicalismo”, diz o líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (RN). “Não temos interesse em incendiar este ano eleitoral e muito menos em pôr candidato a prefeito nos cargos de comando da CPI.” Na mesma linha, o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), não usa meias-palavras para defender o acordo com a oposição. “A CPI pode cumprir sua missão sem criar constrangimento nem invadir a privacidade do chefe de Estado ou do ex-presidente.”A Secom também pediu aos ministérios que enviem informações sobre o perfil médio dos ecônomos (portadores dos cartões) e dos fiscais, incluindo tempo de serviço. O tópico “documentos” revela a intenção do governo de comparar as prestações de contas atuais e antigas. Ao solicitar os relatórios de fiscalização, o e-mail sugere: “De preferência, também algum que identificou impropriedade no gasto e recomendou providências, além do comprovante do saneamento da irregularidade.”

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